Não é de hoje que se debate a possibilidade de os computadores se
tornarem mais inteligentes do que os seres humanos no futuro. Mas essa
discussão não é restrita ao meio científico: a literatura e o cinema
também já criaram muitas obras com base nesse mistério.
O que significa, afinal, uma máquina ser mais inteligente do que
cérebro humano? No filme “2001: uma odisseia no espaço”, por exemplo, o
cineasta Stanley Kubrick concebeu um computador de bordo de uma nave
espacial que começou a sentir emoções quando descobriu que era capaz de
errar. Mas não se trata exatamente disso.
Um computador alcançará a inteligência de um cérebro humano quando a
sua capacidade de computar dados se igualar à nossa. Para visualizar
isso, é preciso imaginar o cérebro como um chip, e os neurônios como
transistores, sendo cada um responsável por armazenar um dado. No chip,
salvamos informações; no cérebro, fazemos sinapses.
Dito isto, passemos às previsões: o especialista Raymond Kurzweil,
que trabalhou a vida toda com chips e escreveu a primeira obra de
“futurologia cibernética” já em 1990, estima que os computadores
alcancem a inteligência humana já na década de 2020. E a base para isso é
a Lei de Moore (aquela do dobro de transistores a cada dois anos), que
ainda pode ser considerada válida.
Se as previsões estiverem certas, antes de 2030 já será possível
armazenar toda a capacidade de computar informações que nossa mente
possui em um computador com o tamanho (em volume) de um cérebro. Em
outras palavras, teríamos dentro de vinte anos os primeiros cérebros
artificiais.
Os defensores do cérebro
Nem todos acham que já vai haver máquinas mais inteligentes que
pessoas em tão pouco tempo. Alguns cientistas, mesmo que aceitem o fato
de que o número de combinações binárias vai ultrapassar o de sinapses,
não acreditam que isso implique em computadores mais inteligentes do que
o Homo sapiens.
Segundo esta corrente, mesmo que um computador possa imitar a
estrutura interna de um cérebro, nada garante que poderá de fato
funcionar como um. Outro argumento é que a Lei de Moore está com os dias
contados. Considerando que os engenheiros já minimizaram o tamanho de
um transistor ao nível de átomos, o limite está mais próximo do que se
gostaria.
Mas a verdade é que a Lei de Moore, pelo menos por enquanto, ainda
não deu sinais de fraqueza. Se isso acontecer, os partidários do cérebro
provavelmente estão certos. Caso contrário, prepare-se para ver
computadores cada vez mais parecidos conosco.
Ao infinito… e além?
Vamos supor que os computadores realmente continuem evoluindo
exponencialmente. Que alcancem o cérebro humano e o ultrapassem. Existe
um limite máximo? Não se sabe ao certo. Os cientistas prevêem que os
computadores vão chegar a um determinado nível de evolução em que eles
mesmos serão capazes de criar máquinas ainda mais poderosas.
Mas uma teoria muito aceita afirma que haverá, de fato, uma fronteira
final. Segundo os físicos Lawrence Krauss e Glenn Stark, peritos no
assunto, vai chegar um momento em que a tecnologia de comprimir os
transistores encontrará sua fronteira final, devido a limitações de
matéria.
Esse ponto final no desenvolvimento dos computadores estaria datado
para daqui a cerca de 600 anos, segundo as estimativas dos cientistas.
Outros defendem que isso não vai acontecer, pois inventaremos uma
maneira de contornar esse problema até lá. A certeza, ninguém tem. [Live Science/CNet/How Stuff Works]